Derek Kempa
4 min readDec 12, 2023

POR QUE EXISTEM DESIGREJADOS?

É um fato de conhecimento geral que o movimento de “desigrejados” — aqueles que bradam que a igreja é moralmente corrompida e tentam viver um cristianismo próprio individual e egoísta — vem crescendo, e muito. Também, embora não seja de conhecimento geral, dada as condições atuais do evangelicalismo, não é nada surpreendente que esse número de pessoas desigrejadas aumente e continue a aumentar cada vez mais.

Quando falo “dada as condições” não estou me referindo a condições morais. As condições morais adversas DENTRO da igreja sempre exisitiram. É só ler 1 Coríntios ou apocalipse. Nem precisaria disso, basta pernsar que somos um bando de pecadores salvos pela Graça. Onde há pessoas, há problemas. Isso não é nada novo. Porém, o fenômeno dos desigrejados é mais recente. Então, mesmo que a falta de moralidade de muitas igrejas possa ser UM fator para os desigrejados, com certeza não é o único e, certamente, não é o principal. Na verdade, o argumento de que “há muita hipocrisia na igreja” e correlatos é só um subterfúgio baseado numa teologia péssima — e essa teologia vem sendo cultivada há muitos anos no protestantismo. É hora de dar um basta. Precisamos ir as raízes podres desse pensamento e expô-las. Meu intuito aqui não é fazer um grande manifesto nem nada do gênero. Nem é de falar de todas as causas do fenômeno dos desigrejados. Aqui somente quero tocar em um fator: a baixa visão moderna do dia do Senhor, isto é, o Domingo.

Um pouco de história

Durante toda a história da igreja, o domingo foi visto como algo importante e com um significado tremendo. Seja ele chamado de “dia do Senhor”, “primeiro dia”, “oitavo dia” ou “sabbath cristão”, o fato é que esse dia era solene. Solene em que sentido? Era um dia dedicado ao Senhor. Podemos debater e argumentar sobre o que extamente é ser “dedicado ao Senhor”, mas uma coisa SEMPRE foi óbvia: domingo é o dia de adoração pública a Deus. É ponto passivo que, apesar das diferenças sobre o que fazer ou não nesse dia, a adoração pública revela a maior exaltação ao Senhor. E claro, tudo isso acontece no domingo, pois nesse dia Nosso Senhor ressurgiu! Nesse dia, fomos feitos nova criação, fomos retirados do cativeiro do pecado! Muito cedo os cristãos entenderam isso (aparições de Jesus aos discípulos, pentecostes, 1 Corintios 6:1–2, Atos 20:6, Apocalipse 1:10). Dessa forma, como se pode existir um “desigrejado” sendo que domingo é o dia da reunião pública da igreja? Não tem como ser um desigrejado coerente assim. Para que exista um desigrejado coerente é necessário corromper o dia do Senhor.

A corrupção

É interessante que muito da teologia moderna coloca o domingo como um dia opcional de reunião de reunião publica solena. Pode ser no sábado, na sexta, você escolhe. Não há uma regra. Se não há uma regra de um dia especial — seguindo o exemplo dos apostolos- por que existiria uma regra de reunião pública — seguindo também o exemplo dos apóstolos? Se Se derruba o exemplo no dia, também se derruba sobre todo o resto. E mais: se podemos escolher, por fator pessoal, o melhor dia para NOSSA adoração, então como pode um pastor chamar a atenção de um membro por não ir na igreja no domingo? Isso, como certeza, seria uma imposição arbitrária de dia, uma quebra da liberdade cristã e um farisaismo por parte do líder (claro, se formos coerente com o pensamento anti-dia do senhor). Richard Barcellos acerta no ângulo quando afirma:

"Se o dia do Senhor, o primeiro dia da semana, não foi sancionado pelo próprio Senhor por meio dos apóstolos para que as igrejas se reunissem para o culto público, quem determina quando as igreja devem se reunir para tal? Se alguém diz que cabe a cada igreja, então cada igreja tem autoridade para disciplinar um dos seus membros por preferir outro dia e comparecer raramente às reuniões de sua própria igreja para adoração? [...] como uma igreja poderia disciplinar qualquer um de seus membros por abandonar a assembleia dos santos ou até mesmo incentivá-los a se reunirem num dia determinado?

A resposta é que nesse pensamento não há como. Se é opcional, então é opcional. Tudo é opcional. Sem regras. Sem ligar para o exemplo dos apóstolos. Sem ligar para o exemplo de toda a tradição cristão. Sem ligar para o mais importante, só ligando para o aqui e o agora e o que é melhor agora. Carecemos de objetividade. Então, não é de se surpreender que existam muitos desigrejados. Nessa lógica, eles é que estão corretos e os detratores do dia do Senhor é que estão errados.

Podemos ir mais além ainda: como alguém pode julgar o outro a se reunir TODA semana numa igreja (e não, digamos, a cada um mês, seis meses ou até um ano!) se domingo não é um dia especial? Simplesmente não tem como. Não basta invocar o princípio de “regularidade”: cairíamos na subjetividade do que é regular. Para uma pessoa que visita a igreja só no Natal, ela está sendo regular. E mais: por que o regular não seria todo dia da semana? Não tem como responder essa pergunta objetivamente.

Para finalizar: não, isso não é “impor um peso sobre os outros” ou “criar regras”. É simplesmente entender um pouco de história da igreja e de bíblia. É simplesmente seguir o exemplo dos apóstolos e da tradição. Lembrando que retirar leis, assim como adicionar, também é pecado.

Dessa forma, um dos primeiros passos para atacarmos o movimento desigrejado é restaurarmos o dia do Senhor. O mesmo dia que foi visto com muita auto estima por TODAS as confissões reformadas, por exemplo. Se não restaurarmos esse dia, não adiante tentarmos fazermos limpezas morais nas igrejas ou simplesmente falarmos que “precisamos nos reunir”.

Podemos, então, concluir o seguinte:

Se reunir toda semana num dia específico só faz sentido se domingo é o Dia do Senhor

Derek Kempa

Não sou nada mais que um pecador, buscando ter comunhão com o Deus vivo. Oh! Quanta misericórdia e graça de Deus!